quinta-feira, 25 de março de 2010

Vírus (Infectados) - Carriers



Filme leve, sem complicações. Roteiro superficial. Técnica comum. Edição tradicional. Um filme bem feito dentro da simplicidade em que se encontra.

A trama se desenvolve ao redor de quatro personagens principais em meio ao caos de um mundo destruído por uma doença. Pelo spot você pensa em se tratar de mais um filme de zumbis como: “Resident Evil” ou “Extermínio”, porém é aqui que notamos o diferencial que o torna interessante. Nessa história o vírus não transforma o infectado em zumbi. Os doentes apenas morrem. Desse modo, não se trata de um suspense com muitos sustos. Esse filme assemelha-se a um drama.

Em meio à luta pela sobrevivência os personagens nos mostram seus sentimentos, suas emoções, o apego aos laços sentimentais e principalmente familiares. Fazendo-nos ver a importância de conexões com outras pessoas, mesmo que de maneira superficial. No final, deixa uma moral muito simples e comum: regras não devem ser desobedecidas.

domingo, 21 de março de 2010

Notas Sobre um Escândalo


Um filme muito interessante. Encontra seus pontos altos em seu roteiro, atuações e trilha sonora. Trata-se de um suspense psicológico intenso. Há uma identificação por parte de todos com a história. Não exatamente desse jeito, esse é um caso especifico. Porem com certeza os sentimentos e emoções dos personagens são comuns a todos nós. É parte da natureza humana, contraditória e vergonhosa. Todos nós temos altos e baixos. E quando estamos deprimidos, sentimos solidão, indecisão, autocrítica pesada. E nesses momentos nos vemos entrando em situações nunca imaginadas antes.

Blanchett vive Sheba Hart, uma professora de arte estreante na escola em que Barbara Covett (Dench) leciona História há anos. Quando a sensual e atrapalhada novata não consegue domar seus alunos, a veterana acode. As duas ficam amigas - na intimidade, Barbara passa a narrar em um diário a sua aproximação de Sheba.
O escândalo do título trata-se do envolvimento de Sheba com um aluno de quinze anos. Aluno e professora têm um caso. Barbara descobre, promete que não revelará o segredo - e, enquanto aconselha Sheba a encerrar a relação indevida, enxerga no episódio a chance de conquistar definitivamente a "amizade" da sua protegida.

Barbara é uma espécie de psicopata carente de atenção que elege uma vítima para ser seu objeto de afeição . Solitária, com medo de morrer sozinha, vive em busca de alguém para preencher o vazio de seus dias. E quando encontra em alguém essa oportunidade torna-se obsessiva e possessiva, manipuladora e egoísta. Já Sheba, encontra-se num casamento em decadência, e uma vida que passou doze anos cuidando de seu filho com Síndrome de Down. Procura nos outros meio de se apoiar, sentir-se menos sozinha, ser desejada e valorizada.

Uma boa narrativa com um bom ritmo, porém, o final cíclico assemelha-se ao de filme de suspense B, totalmente desnecessário. Para quem gosta de filmes bem dramáticos essa é uma boa escolha.

terça-feira, 16 de março de 2010

O Sonho de Cassandra


Depois de ganhar fama e se tornar um diretor consagrado por seu humor, Woody Allen inicio-se em tramas de suspense. Logo no seu primeiro obteve grande sucesso: “Ponto Final - Match Point”. Mas essa sorte não o segui em O Sonho de Cassandra.

Apesar de contar com personagens interessantes, bons atores e uma trama intrigante o filme se perdeu na falta de ritmo. Não há nada que te deixe curioso e atendo a tela. Mesmo com uma boa história você fica com a sensação de que não perderá muito parando no meio.

Ian (Ewan McGregor) e Terry (Colin Farrell) são irmãos que decidem comprar o barco "Cassandra's Dream", apesar dos problemas financeiros que ambos atravessam. Terry trabalha em uma oficina, mas é viciado no jogo e sempre está às voltas com novas dívidas. Já Ian trabalha no restaurante do pai, mas sonha em largar o negócio para alçar vôos mais altos. A família deles é auxiliada financeiramente pelo tio Howard que um dia aparece para uma visita. Os irmãos pretendem pedir dinheiro ao tio, mas Howard só aceita ajudá-los em troca de um favor, que muda para sempre a vida dos irmãos.

Algumas cenas são muito interessantes e inteligentes, agradando bem, mas, infelizmente, as outras são entediantes. Esse é o típico do bom filme que te obriga a vê-lo no X2.

À Prova de Morte


A proposta do filme foi fazer parte de um projeto chamado Grindhouse juntamente com “Planeta Terror”, de Robert Rodrigues. Dentro dessa proposta o filme deveria se assemelhar aos filmes de baixo orçamento com temática simples de violência e sexo que eram exibidos nos EUA nas décadas de 60 e 70. E levando isso em consideração, Tarantino acertou em cheio como era de se esperar.

Os diálogos e as cenas são longos, algumas vezes intermináveis se você ficar de marcação no relógio, mas, quando você mergulha no filme, parecem passar voando diante de seus olhos. A história simples com diálogos cotidianos te deixa à vontade, e a sensação é de estar em uma boa conversa com amigos muito próximos.

O roteiro é o seguinte: amigas saem pra se divertirem na noite em bares. Acabam encontrando com Stuntman Mike (Kurt Russell), serial killer que se esconde atrás do volante do seu carro indestrutível.

A estética do filme conta com efeitos de envelhecimento da imagem, como cortes e riscos. E ainda contamos com a presença do fetiche por pés visto anteriormente em “Kill Bill”, agora com maior evidência.

Quando o filme termina a vontade é de apertar o play e assistir de novo. Apesar de todas as críticas negativas e o fracasso de bilheteria, acredito que, Tarantino não só cumpriu o proposto no projeto, como também fez um dos melhores filmes que já vi.

sábado, 13 de março de 2010

Contatos de 4º Grau



O filme começa com um discurso que foi chamado de antiético. A atriz Milla Jovovich se apresenta como ela mesma, atriz, sem personagem. Diz que fará o papel da Dra Abigail Tyler, uma psicóloga que viveu no Alaska e fez uma pesquisa sobre terríveis abduções alienígenas que aconteceram no local. E ainda, que as imagens que seguem serão muito perturbadoras. Durante o filme se alternam imagens supostamente reais com a própria Dra Abigail e imagens de Milla Jovovich interpretando o papel. Em algumas cenas vemos até mesmo as duas imagens ao mesmo tempo com a tela dividida.

Essa cena inicial foi muito criticada. Dizem tratar de má fé. Uma coisa é você deixar o espectador acreditar que são cenas reais e outra, é você dizer que aquilo é real do modo que foi feito. Independente de ser real ou não, não faço parte dos que acreditam que se tratou de falta de ética. Quando resolvemos assistir um filme temos que estar dispostos a, por um período de tempo, acreditar que aquilo é real, mesmo quando muito absurdo.

Levando em conta esse pensamento o discurso inicial só ajudou a dar esse mergulho na tela e acreditar na história como uma verdade absoluta. Fez do filme mais interessante. As cenas pareceram mais chocantes. O suspense foi multiplicado. E por fim, o medo foi mais real. Com certeza esse filme é um grande destaque desse gênero.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Relação Indecente - A Sociedade Secreta


Filme mal escrito adolescente. A garota inocente do campo vai pra faculdade e se deparar com as maliciosas garotas ricas que sempre tem tudo que querem. A trama é a de sempre. Sexo em troca de favores. Integridade e caráter zero. Irmandade- sociedade secreta capaz de realizar todos os seus sonhos. Uma espécie de “Segundas Intenções” mal feito.

Faz-nos perceber que com o avanço da tecnologia ficou fácil produzir um filme com os níveis básicos de qualidade. E é vendo um do patamar baixo que lembramos de dar importância para os de boa qualidade. Depois de algum tempo ficamos acostumados a procurar nos pequenos detalhes alguns defeitos, falamos dos bons como se fossem apenas lesados.

Todos tramam contra a mocinha e no final ela consegue se livrar de tudo. Vale pelo ensinamento de vingança: “Se alguém joga ovos na sua casa, você incendeia a dele!”

quarta-feira, 10 de março de 2010

Rec 2


Alguns minutos depois dos acontecimentos do primeiro filme, o caos ainda toma conta do prédio. Do lado de fora está armado um verdadeiro circo em busca de respostas. É nesse contexto que um padre e uma equipe tática da polícia invadem o prédio em busca de um meio para conter a “doença”. O que parecia uma tarefa fácil e rápida acaba se tornando uma grande sucessão de sustos.

Nesse segundo filme acontece uma tentativa de responder as questões levantadas no anterior e nesse discurso percebemos uma grande mistura de idéias. O que até agora tinha sido uma versão de Resident Evil espanhol versão falso-documentário bem-sucedida se perde ao unir temas de diversos outros filmes. Para explicar a infecção, o filme traz a tona o tema exorcismo. Revelando que a doença nada mais é que os efeitos fisiológicos de uma possessão.

Nessa trama temos a presença de técnicas interessantes. Para que continue um falso-documentário e apresente novas visões neste filme existem várias câmeras. Cada policial possui uma câmera em seu capacete e quando é por ela que nos é contada a história temos a sensação de estarmos em um game de zumbi. Além delas temos uma câmera própria para registrar os acontecimentos e uma outra em posse de três jovens que invadem ilegalmente o prédio.

O suspense do primeiro foi brilhantemente mantido nessa continuação, porém a história parece se perder numa conversa com “O Exorcista”, “Alien”, entre outros. Que venha o próximo.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Um Olhar do Paraíso


O novo filme de Peter Jackson, que teve sua estréia em 18 do mês passado, promete causar muita estranheza nos espectadores acostumados com os blockbusters. Isso porque não seria nenhum exagero dizer que sua caracterização do paraíso em alguns momentos nos faz lembrar os clipes da Lady Gaga.

Todo o filme tem uma presença importante do contraste de cores. O azul e o amarelo predominam por quase todo o longa. Fazendo uma dança coreografada essas cores parece nos induzir a um clima de calmaria e energia. Isso talvez resuma a idéia de paraíso do brilhante diretor.

Sua trama gira em torno de uma garota de 14 anos que é assassinada, e então passa a observar os passos daqueles que viviam ao seu redor.

Inicialmente o mundo dos mortos é sombrio e assustador. Você enfrenta seus medos ate que supere o trauma. Já depois de aceitar sua morte, tudo passa a ser colorido e sempre em movimento, efeito causado pela câmera sempre deslizando para a direita.
Além de toda a parte artística também encontramos todo o drama de uma família tentando superar a perda de um dos integrantes. Um pai tentando desesperadamente encontrar o culpado e uma mãe que sofre até não conseguir mais ficar próximo dos outros e partir em uma viagem em busca de aceitação.

Ao encaminhar para o final, o diretor comete alguns erros como: tornar o filme parecido com um DVD religioso de auto-ajuda e, ainda, fazer a justiça de uma maneira pouco objetiva e convincente. Quem não estiver no clima de uma viagem parecida com uso de alucinógenos, espere a vontade chegar para dar o play.

Atividade Paranormal



Atividade Paranormal é indiscutivelmente um grande sucesso de bilheteria. Utilizando uma técnica não pioneira do falso documentário, já vista antes em “Bruxa de Blair” e “Rec”, por exemplo, o filme garantiu fãs por todo o mundo. A receita é simples: a câmera pretensiosamente não profissional traz a sensação de participação por parte do espectador, mas só isso não garante que o filme emplaque.

Sua historia também é de grande importância para esse sucesso. Trata-se de situações rotineiras universais, quem nunca pensou em ter ouvido algo quando estava sozinho em casa? Viu vultos passar pela porta do quarto? Ou ainda teve a sensação de sentir uma respiração em sua nuca? Esses são os assuntos tratados em Atividade Paranormal.

Um jovem casal, Katie e Micah, resolve documentar tudo o que acontece dentro de sua própria casa para provar que fenômenos paranormais estão acontecendo ali. O motivo é uma série de acontecimentos estranho envolvendo Katie, incluindo barulhos estranhos, sussurros e ventos fantasmagóricos. Como garante o óbvio, a maioria dos acontecimentos se dá enquanto eles dormem. A câmera sempre parada no mesmo enquadramento, focando a cama e a porta, mostrando o corredor e a escada também, faz com que o espectador se encolha na cadeira e sinta um frio no estômago.

A produção contou com um orçamento mísero de US$ 11 mil, insignificante tanto para Hollywood quanto para qualquer produção profissional mesmo em outros países. O grande trunfo do filme está em causar o medo por aquilo que você não vê. O suspense está na espera pelo que irá acontecer e não propriamente no susto e medo em si.

Dessa maneira o diretor Oren Peli conseguiu gerar tensão de maneira invejável, mesmo com poucos efeitos sonoros e quase nenhum visual.

No final, o roteiro encaminha em direção ao atual sintoma da sociedade, onde no falso documentário, a preocupação pela própria vida e bem-estar é deixada de lado para se registrar tudo independente da gravidade do ocorrido, a obsessão do reality show. O final do filme foi modificado pelo diretor por se tratar de um encerramento pouco comercial, mas não tirou seu mérito. Essa é mais uma produção que nos ensina que um bom roteiro nas mãos de um diretor capacitado já garante um bom filme independente de seus recursos.

Texto publicado na revista Ideia em Janeiro de 2010.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O Labirinto do Fauno



Considerando a historia de O Labirinto do Fauno, não tem como analisá-lo sem levar em conta a ambiguidade revelada no final do filme. E o melhor meio de começar é se perguntando: É pertinente questionar o que é real e o que é fantasia?

Por isso ele se abre a duas leituras: uma materialista e uma mágica. A visão materialista seria a do pensamento moderno. Daqueles que foram contaminados pela razão e só conseguem enxergá-lo com preconceitos e miopias, como define Jung. Pessoas que ao serem questionadas sobre o filme diriam que Ofélia deveria amadurecer e lidar com o problema real de maneira objetiva para tentar se salvar. Ou ainda, numa visão mais extremista, ela deveria entrar para a guerrilha.

Essa primeira visão é causada pela “morte dos deuses” de que fala Jung. Que nos cega a ponto de não deixar com que notemos o que há de mais belo e significativo em O Labirinto do Fauno. O fato de que só a fantasia pode se opor a realidade, nesse caso a do fascismo.

A verdade é que o cinema tem cada vez mais se tornado a mais realista das artes, retornando a sua origem. Parece que grande parte do publico exige uma explicação cientifica para tudo. E todas as historias começaram a perder sua magia.

Essa é a verdadeira mensagem que Guilhermo Del Toro quer passar. A luta entre a guerrilha socialista e o governo fascista é só o pano de fundo. Porque a verdadeira batalha não se dá entre armas, e sim entre idéias. E a idéia principal é que só Ofélia conseguiu se opor a barbárie do fascismo com o que realmente se trata de um oposto: a bondade. A prova é que Ofélia não sacrificou o irmão para atingir seu objetivo, seu bem maior. Mas a guerrilha teria feito o mesmo? Ou sacrificaria o bebê se fosse preciso para atingir o governo?

Sherlock Homes





A nova adaptação de Sir Arthur Conan Doyle, traz Robert Downey Jr no papel principal e conta com Guy Ritchie na direção. Portanto, como era de se esperar, o novo Sherlock Holmes apresenta algumas diferenças em relação às adaptações anteriores.

O detetive do novo longa criou-se com certas liberdades. Apesar de ainda possuir o seu lado intelectual forte, Holmes agora tornou-se um pouco violento. Não fica mais apenas preso em suas idéias e parte para a luta com o adversário, se necessário.
Ritchie mais uma vez mostrou porque encontra-se entre os grandes diretores, transitando com maestria entre seqüências rápidas e cenas lentas. Mais uma característica do diretor que se insere no filme é a presença de diálogos rápidos e cheios de deboche.

Final do século XIX. Sherlock Holmes é um detetive conhecido por usar a lógica dedutiva e o método científico, o dr. John Watson é seu fiel parceiro. O último caso da dupla envolve Lorde Blackwood, que foi preso e depois condenado à forca, mas misteriosamente é visto deixando o túmulo onde seu caixão foi enterrado. Holmes e Watson são chamados para solucionar o caso e logo ele se torna um grande desafio para o detetive, que não acredita em qualquer tipo de magia. Em meio às investigações há o retorno de Irene Adler, uma ladra experiente por quem Holmes tem uma queda.Como não podia faltar em um personagem britânico, Holmes apresenta o famoso humor característico dessa região.

Ao longo da narrativa percebemos aflorar um, lado humano no personagem conhecido por sua frieza, isso acontece quando notamos a relação entre Holmes e seu parceiro Watson e também quando percebemos sua atração por Irene.

Sherlock Holmes é um ótimo filme, que apresenta importantes mudanças no personagem porém sem descaracterizá-lo. Peca apenas por fazer uma trama complexa tentando mostrar muito grandes feitos de Holmes em apenas um produto. E acerta em cheio no ritmo, humor e em excelentes efeitos especiais.

Texto publicado na revista Ideia de fevereiro de 2010