quinta-feira, 4 de março de 2010

Atividade Paranormal



Atividade Paranormal é indiscutivelmente um grande sucesso de bilheteria. Utilizando uma técnica não pioneira do falso documentário, já vista antes em “Bruxa de Blair” e “Rec”, por exemplo, o filme garantiu fãs por todo o mundo. A receita é simples: a câmera pretensiosamente não profissional traz a sensação de participação por parte do espectador, mas só isso não garante que o filme emplaque.

Sua historia também é de grande importância para esse sucesso. Trata-se de situações rotineiras universais, quem nunca pensou em ter ouvido algo quando estava sozinho em casa? Viu vultos passar pela porta do quarto? Ou ainda teve a sensação de sentir uma respiração em sua nuca? Esses são os assuntos tratados em Atividade Paranormal.

Um jovem casal, Katie e Micah, resolve documentar tudo o que acontece dentro de sua própria casa para provar que fenômenos paranormais estão acontecendo ali. O motivo é uma série de acontecimentos estranho envolvendo Katie, incluindo barulhos estranhos, sussurros e ventos fantasmagóricos. Como garante o óbvio, a maioria dos acontecimentos se dá enquanto eles dormem. A câmera sempre parada no mesmo enquadramento, focando a cama e a porta, mostrando o corredor e a escada também, faz com que o espectador se encolha na cadeira e sinta um frio no estômago.

A produção contou com um orçamento mísero de US$ 11 mil, insignificante tanto para Hollywood quanto para qualquer produção profissional mesmo em outros países. O grande trunfo do filme está em causar o medo por aquilo que você não vê. O suspense está na espera pelo que irá acontecer e não propriamente no susto e medo em si.

Dessa maneira o diretor Oren Peli conseguiu gerar tensão de maneira invejável, mesmo com poucos efeitos sonoros e quase nenhum visual.

No final, o roteiro encaminha em direção ao atual sintoma da sociedade, onde no falso documentário, a preocupação pela própria vida e bem-estar é deixada de lado para se registrar tudo independente da gravidade do ocorrido, a obsessão do reality show. O final do filme foi modificado pelo diretor por se tratar de um encerramento pouco comercial, mas não tirou seu mérito. Essa é mais uma produção que nos ensina que um bom roteiro nas mãos de um diretor capacitado já garante um bom filme independente de seus recursos.

Texto publicado na revista Ideia em Janeiro de 2010.

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